quarta-feira, 22 de junho de 2016

OS VINTÉNS ROUBADOS - CONTOS DE GRIMM

   Certa vez estava um casal sentado à  mesa, comendo, em companhia de seus filhos, quando se apresentou um bom amigo da casa, a quem não viam há muito tempo. Convidaram-no para almoçar. Às doze em ponto, o visitante viu a porta abrir-se e entrar uma criança, muito pálida, toda vestida de branco. Não olhava para  lado algum e, sem dar uma palavra, encaminhou-se para um quarto próximo, de onde saiu pouco depois, tão silenciosamente como havia entrado. No segundo e terceiro dia a cena se repetiu e o visitante , que ali ficara de hóspede, resolveu perguntar ao dono da casa de quem era aquela bonita criança que, sempre ao meio-dia, entrava na sala.
    - Não vejo ninguém, - respondeu o homem, - assim não sei dizer de quem se trata.
    No dia seguinte, quando a criança tornou a entrar na sala, o visitante a mostrou a toda a família, mas ninguém viu nada. O homem, então, aproximou-se da porta do quarto e, entreabrindo-a, olhou para dentro. Ali viu o menino sentado no assoalho, procurando, afobadamente, alguma coisa entre a juntura das tábuas. Mas, ao perceber que o visitante a olhava, a criança desapareceu.
     O homem contou à família o que acabara de presenciar e descreveu a criança detalhadamente. Aí, então, a dona da casa reconheceu quem era e exclamou:
    - Ah, é o meu pobre filhinho; ele morreu há quatro semanas!
    Levantaram as tábuas e encontraram dois vinténs que, um dia, a mãe havia entregue ao pequeno para que os desse a um mendigo. O menino, porém, pensara: "Vou comprar um doce com esse dinheiro" e o guardou, escondendo-o numa fenda do assoalho. Por isso, agora não encontrava paz em seu túmulo. E cada meio-dia ia à sua casa à procura dos vinténs. os pais deram as moedas a um pobre e, desse dia em diante, a criança nunca mais foi vista. FIM

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