domingo, 27 de setembro de 2015

O LOBO E A RAPOSA

O lobo vivia em companhia da raposa e esta fazia tudo o que ele mandava porque  era  a mais fraca; bem que ela desejaria livrar-se do seu amo. Certo dia, quando ambos passavam pelo mato, disse o lobo:
     - Pelo-vermelho, arranja-me algo para comer; senão, és tu que vais para o meu papo.
      Respondeu-lhe a raposa:
     - Sei de uma granja onde há muitos cordeirinhos. Se quiseres , vamos lá pegar um deles.
     O lobo concordou e rumaram para a granja. A raposa roubou o cordeirinho, levou-o a seu amo e saiu correndo. O lobo comeu o cordeiro, mas, não se dando por satisfeito, quis outro e apressou-se em ir apanhá-lo. Mas, como não tinha a habilidade da raposa, ele foi descoberto pela ovelha mãe, que pôs a balir tão alto que os camponeses acudiram logo. Encontraram o lobo e lhe aplicaram uma surra tal que a fera ficou manca, mas conseguiu fugir, uivando , para junto da raposa.
   - Conseguiste lograr-me! - disse ele.- Quando eu fui pegar outro cordeiro, os camponeses me apanharam e me deram uma surra tremenda!
     - A raposa respondeu-lhe:
     - E por que és esganado?
     No dia seguinte foram à campina e o comilão do lobo disse , novamente:
    - Pelo- vermelho, arranja-me algo para comer; senão, és tu que vais para o meu papo!
    E respondeu a raposa:
     - Conheço uma casa de camponeses onde a mulher está fazendo panquecas. Apanharemos algumas.
     Dirigiram-se para lá e a raposa deslizou rente ao chão, espiando e farejando até descobrir onde estava o prato; apanhou seis panquecas e as levou ao lobo.
    - Aí tens o que comer! - disse, e continuou seu caminho.
    O lobo, após devorá-las de uma só vez, falou consigo mesmo:
    - São gostosas e fazem apetecer mais.
     Entrou na despensa e lançou-se, avidamente. sobre o prato, que caiu no chão, em cacos. Com o barulho, a mulher veio verificar o que acontecia. Vendo o lobo, começou a gritar pelo pessoal. Todos acudiram correndo e surraram tanto a fera que ela saiu coxa de duas pernas. Uivando alto, chegou onde estava a raposa.
   - Lograste de modo miserável!- gritou.- Os camponeses me pegaram e curtira a minha pele.
    - Respondeu-lhe a raposa:
   - E por que és tão esganado?
    No terceiro dia, ao saíram juntos, o lobo, que andava com dificuldade, tornou a dizer:
    - Pelo-vermelho, arranja-me algo para comer ou és tu que vais para o meu papo!
    Falou a raposa:
      - Sei de um homem que carneou uma rês e pôs a carne salgada dento de um barril no porão da casa a; vamos buscá-la.
    - Irei contigo- disse o lobo- para me ajudares se eu não puder fugir.
     - Para  mim não há inconveniente - retrucou a raposa, e foi suficiente para terminar. " A raposa comia bastante mas olhando sempre para todos os lados e, seguidamente , corria até o buraco por onde haviam entrado para ver se ainda conseguia passar por ele. Disse o lobo:
    - Amiga raposa , por que corres tanto,  a saltar de dentro para fora e de fora para dentro?
   -É preciso ver se não vem alguém - retrucou a astucioso animal. - Não comas demasiado!"
    Continuou o lobo:
    - Não saio daqui sem ter esvaziado o barril.
    Nisso apareceu o camponês que ouvira os pulos da raposa. Esta, ao vê-lo, em um salto abandonou o porão. O lobo quis segui-la, mas, tendo comido demais, sua barriga cresceu tanto que não pode mais passar pelo buraco a ali ficou preso. O camponês armou-se de um cacete e o matou a pauladas. A raposa ,e então, correu para o bosque , feliz por se livre do velho comilão.
FIM

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