domingo, 20 de setembro de 2015

OS DOZE CAÇADORES- CONTOS DE GRIMM

Era uma vez um príncipe  que tinha uma noiva a quem amava muito. Certo dia, quando a tinha a seu lado, feliz e contente, ele recebeu a notícia de que o rei, seu pai, adoecera gravemente e desejava vê-lo, antes de morrer. O jovem disse então à sua amada:
    - Devo ir e deixar-te. Aqui tens um anel como recordação. Quando eu for o rei, voltarei para te levar.
   Partiu a cavalo e, quando chegou, o pai estava às portas da morte. Falou-lhe o rei da seguinte maneira:
     - Filho querido , quis ver-te antes de morrer. Promete-me que te casarás de acordo com a minha vontade. 
   E deu-lhe o nome de certa princesa que ele havia escolhido para esposa do filho. Aflito, o jovem prometeu sem refletir.
     - Sim, meu pai. Farei sua vontade.
     O rei, então, fechou os olhos e morreu.

Proclamado rei, o jovem príncipe, findo o período de luto, teve de cumprir a promessa feita a seu pai. Apresentou-se como pretendente à mão da princesa e logo foi  aceito. Quando sua antiga noiva soube de sua infidelidade, tão magoada ficou que esteve a ponto de morrer. Observando aquilo, disse-lhe o pai:
    - Filha querida, por que estás tão triste? Tudo o que desejares, terás.
      A jovem pensou um momento e respondeu:
    - Meu querido pai, desejo ter onze donzelas que sejam idênticas a mim em rosto, corpo e altura.
   - Se for possível- retrucou o pai- teu desejo será satisfeito.
    E  ordenou que procurassem por todo o reino, até encontrarem, onze jovens idênticas à sua filha, em rosto, corpo e estatura.
    Levadas à princesa, esta mandou fazer doze trajes de caçador, todos iguais , e ela e as onze jovens os vestiram.
   A seguir, despediu-se do pai e o grupo todo se dirigiu, à cavalo, rumo à corte do antigo noivo a quem ela tanto amava.
   Ao chegarem lá, a jovem princesa perguntou-lhe se necessitava de caçadores e se não  queria tomar os doze a seus serviços. Como formassem um belo grupo, aceitou o oferecimento e as onze moças passaram a ser os doze caçadores do rei. mas acontece que este possuía um leão que era uma animal-prodígio e sabia todas as coisas ocultas. Certa noite, ele disse ao rei:
    - Acreditas ter doze  caçadores a teu serviço, não é?
    - Sim- respondeu o rei.- São, realmente, doze caçadores.
     Prosseguiu o leão.
    - Estás enganado; são doze moças.
    - Não é verdade . Podes provar o que dizes?
    - Ora! - exclamou o animal.- É só espalhar ervilhas na tua ante-sala. Os homens andam a passos firmes sobre os grãos e verás como nenhum sairá do caminho. As mulheres , ao contrário, com seus passos leves, poem-se a dar pulinhos e acabam espalhando as ervilhas.
    O conselho pareceu bom ao rei, que mandou espalhar ervilhas pelo chão. Havia, no entanto um criado do rei que era muito amigo dos caçadores; quando ouviu que iriam se submetidos a essa prova, foi a eles e contou tudo:
    - O leão quer mostrar ao rei que vocês são moças.
     A princesa agradeceu-lhe  e depois falou à suas companheiras:
   - Façam força e pisem firme sobre as ervilhas.
    Quando na manhã seguinte, o rei mandou chamar os doze caçadores, fazendo-os atravessar a ante-sala onde haviam espalhados as ervilhas, eles marcharam com passo firme que nem uma só rolou pelo chão, nem se moveu do lugar. Depois de se haverem retirado , o rei disse ao leão:
    - Mentiste; caminham como homens.
    E o leão respondeu:
   - Souberam da prova e fizeram força para não se traírem. Manda trazer à ante-sala doze rocas de fiar. verás como logo se aproximarão, alegres, das rocas, coisa que um homem não faria.
    O rei gostou do conselho e mandou por doze rocas no vestíbulo. O criado amigo dos caçadores, porém, apressou-se a comunicar-lhes o plano e a princesa disse às suas onze companheiras.
   - Façam força e não se virem para olhar as rocas.
    Quando pela manhã, o rei mandou chamar seus doze caçadores, todos eles passaram pela ante-sala sem ligar a mínima importância às rocas.
    Novamente  o rei falou ao leão:
   - Mentiste; são homens, pois nem ao menos olharam para as rocas.
    Ao que respondeu o leão:
    - Souberam que ias fazer uma prova com elas tomaram cuidado.
  Daí por  diante o rei não deu mais crédito ao leão. Os doze caçadores acompanhavam sempre o rei em suas caçadas e ele cada da mais se afeiçoava ao grupo. Aconteceu que, num dia de caça, chegou a notícia que estava por chegar a noiva do rei. Ao ouvi-la, a antiga noiva sentiu tão grande mágoa que caiu no chão, sem sentidos. O rei, pensando que acontecera um acidente a seu caçador preferido, correu em seu auxílio e lhe tirou uma das luvas. Viu , então, a aliança que um dia dera à sua primeira noiva e, olhando bem o seu rosto, a reconheceu. Beijou-a, emocionado, e, quando ela abriu os olhos disse-lhe:
    - Pertences a mim e eu a ti e ninguém no mundo poderá nos separar.
    Enviou imediatamente um emissário à outra princesa com o encargo de pedir-lhe que voltasse a seu pai, pois já tinha uma esposa.
   Celebram-se as bodas e o leão entrou de novo nas graças do rei e senhor, pois, afinal de contas, tinha dito a verdade.
 FIM

Nenhum comentário:

Postar um comentário