segunda-feira, 29 de junho de 2015

Irmãos Grimm por Mario Quintana.

  Era uma vez.... os Irmãos Grimm. Que forma eles? Nada mais, nada menos que contadores de histórias. Foi assim que o seu nome chegou até nós, embora o mais velho seja considerado o introdutor do método histórico no estudo da gramática e o fundador da filologia germânica, com sua edição crítica de textos arcaicos. Professores da Universidade de Goettingen, Jacob, nascido em 1785, e Wilhelm, em 1786, viram-se ambos destituídos em consequência de mudanças políticas da época. Começaram então a percorrer a Alemanha, recolhendo as histórias que viviam na tradição oral. No prefácio de sua primeira coletânea, aludem eles à mulher de um criador de gado, que guardava na memória todas  as velhas histórias, repetindo-as invariavelmente com as mesmas palavras e cujo retrato foi publicado na mesma edição(1812). Contudo, revela o filho de Wilhelm que muitas histórias, como de Joãozinho e Mariazinha, uma das primeiras a se tornar famosa, foram contadas a seu pai pela namorada deste, Dorotéia,  e que, após se casarem, continuou sendo uma das fontes informativas de seu curioso marido. Como se vê, tanto como gostavam de contá-las, eram os Irmãos Grimm uns incansáveis ouvidores de histórias. Essas histórias constavam, desde lendas cheias de poesia como a dos Doze Apóstolos, de caricaturas de tipos encontradiços na vida real, como a do ranzinza mestre Sola, que nem no Céu achava nada bom, até simples anedotas, casos, facécias, histórias de bichos, ou apólogos morais e religiosos; mas, antes de mais nada, esses estranhos contos, de uma imprevista fantasia, como o de "Um Olhinho, Dois Olhinhos, Três Olhinhos", e outros, que não tem outra razão de ser senão o mistério dos sonhos infantis; ou "  O Sapo Encantado", de tamanho sabor folclórico, e tantas outras, que saíram a correr mundo.
   Propriamente falando, essas histórias já andava a correr mundo, na boca das velhas amas e das avózinhas. Estas não fizeram mais que dar o que os seus pequenos ouvintes lhe pediam. Era o caso de se perguntar quem era mesmo que inventava as histórias. Os Irmãos Grimm, por sua vez, com uma fidelidade muito anterior à época em que foi inventada a palavra "folclore" ou " populário". (digamos entre parênteses, mais compreensível internacionalmente, criada por Apolinário Porto Alegre e adotada por Simões Lopes Neto) colheram da boca de mulheres e crianças umas duzentas dessas histórias. Essa carinhosa pesquisa se estendeu por treze anos, enquanto  comparavam e decantavam as diferentes  versões, dando-lhes a necessária unidade de estilo.
   As histórias assim ouvidas e tão habilmente recontada ( coube a Wilhelm a redação definitiva de uma edição completa em três volumes , 1819) saíram à luz a partir de 1812, sob o título de Histórias da Criança e do lar- título este que bem explica a origem delas, dizendo por quem, para quem e onde foram contadas. É claro que essas histórias, na sua viagem ao redor de mundo, foram sofrendo aqui e ali certas adaptações ao meio ambiente dos pequenos ouvintes, embora todas se passem no País dos Sonhos.

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