segunda-feira, 29 de junho de 2015

Irmãos Grimm por Mario Quintana.

  Era uma vez.... os Irmãos Grimm. Que forma eles? Nada mais, nada menos que contadores de histórias. Foi assim que o seu nome chegou até nós, embora o mais velho seja considerado o introdutor do método histórico no estudo da gramática e o fundador da filologia germânica, com sua edição crítica de textos arcaicos. Professores da Universidade de Goettingen, Jacob, nascido em 1785, e Wilhelm, em 1786, viram-se ambos destituídos em consequência de mudanças políticas da época. Começaram então a percorrer a Alemanha, recolhendo as histórias que viviam na tradição oral. No prefácio de sua primeira coletânea, aludem eles à mulher de um criador de gado, que guardava na memória todas  as velhas histórias, repetindo-as invariavelmente com as mesmas palavras e cujo retrato foi publicado na mesma edição(1812). Contudo, revela o filho de Wilhelm que muitas histórias, como de Joãozinho e Mariazinha, uma das primeiras a se tornar famosa, foram contadas a seu pai pela namorada deste, Dorotéia,  e que, após se casarem, continuou sendo uma das fontes informativas de seu curioso marido. Como se vê, tanto como gostavam de contá-las, eram os Irmãos Grimm uns incansáveis ouvidores de histórias. Essas histórias constavam, desde lendas cheias de poesia como a dos Doze Apóstolos, de caricaturas de tipos encontradiços na vida real, como a do ranzinza mestre Sola, que nem no Céu achava nada bom, até simples anedotas, casos, facécias, histórias de bichos, ou apólogos morais e religiosos; mas, antes de mais nada, esses estranhos contos, de uma imprevista fantasia, como o de "Um Olhinho, Dois Olhinhos, Três Olhinhos", e outros, que não tem outra razão de ser senão o mistério dos sonhos infantis; ou "  O Sapo Encantado", de tamanho sabor folclórico, e tantas outras, que saíram a correr mundo.
   Propriamente falando, essas histórias já andava a correr mundo, na boca das velhas amas e das avózinhas. Estas não fizeram mais que dar o que os seus pequenos ouvintes lhe pediam. Era o caso de se perguntar quem era mesmo que inventava as histórias. Os Irmãos Grimm, por sua vez, com uma fidelidade muito anterior à época em que foi inventada a palavra "folclore" ou " populário". (digamos entre parênteses, mais compreensível internacionalmente, criada por Apolinário Porto Alegre e adotada por Simões Lopes Neto) colheram da boca de mulheres e crianças umas duzentas dessas histórias. Essa carinhosa pesquisa se estendeu por treze anos, enquanto  comparavam e decantavam as diferentes  versões, dando-lhes a necessária unidade de estilo.
   As histórias assim ouvidas e tão habilmente recontada ( coube a Wilhelm a redação definitiva de uma edição completa em três volumes , 1819) saíram à luz a partir de 1812, sob o título de Histórias da Criança e do lar- título este que bem explica a origem delas, dizendo por quem, para quem e onde foram contadas. É claro que essas histórias, na sua viagem ao redor de mundo, foram sofrendo aqui e ali certas adaptações ao meio ambiente dos pequenos ouvintes, embora todas se passem no País dos Sonhos.

VERDURINHA - CONTOS DE GRIMM

    Era uma vez um homem e uma mulher que viviam sós e tristes por não terem filhos. Um dia, a mulher teve a esperança que o bom Deus iria afinal satisfazer o seu maior desejo. A casa onde viviam tinha, na parede dos fundos, uma pequena janela de onde se avistava um jardim maravilhoso, cheio de lindas flores e plantas. Era cercado por um alto muro e ninguém se atrevia a entrar, pois pertencia a uma feiticeira muito poderosa, de quem todos tinham medo.
      Certa ocasião a mulher, parada à janela, olhando o jardim, avistou um canteiro com as mais belas hortaliças, tão frescas e verdes que teve um grande desejo de as comer.                          
       À medida que os dias iam passando, seu desejo aumentava e, como ela sabia ser impossível consegui-las, foi empalidecendo e definhando a olhos vistos. O marido, notando aquilo, assustou-se e perguntou:
       - Querida, o que se passa contigo?
       - Ah!- respondeu ela- se eu não comer daquelas verduras que crescem no jardim, atrás da nossa casa, na certa morrerei.
      O homem, que amava sua mulher, pensou: "Em vez de deixar que ela morra, hei de conseguir as verduras, custe o que custar."
     Quando anoiteceu, saltou o muro do jardim da feiticeira, arrancou depressa um punhado de verduras e as levou à esposa. Esta logo preparou uma salada e comeu-a com verdadeiro gosto; e tanto lhe agradou o prato que no dia seguinte sentiu um desejo três vezes maior. Para que ela ficasse em paz, o marido deveria ir mais uma vez ao jardim. Ao anoitecer, o homem repetiu a façanha; mal, porém, desceu do muro, levou um susto enorme, pois de súbito a bruxa surgiu à sua frente.
     - Como te atreves  - disse ela, com olhar furioso- a entrar como um ladrão no meu jardim e roubar as minhas verduras? Hás de pagar bem caro!
      - Ai! Tenha dó de mim! - implorou o homem.- Só fiz isso por necessidade; Minha mulher avistou da janela as suas verduras e tanto as desejou que morreria se não as comesse.
    A feiticeira deixou-se abrandar e assim lhe falou:
     - Se é como dizes, permitirei que leves tanto quanto quiseres; só imponho uma condição: terás de me dar a criança que tua mulher trouxer ao mundo. Será bem tratada e cuidarei dela como se fosse a sua mãe.
     Amedrontado, o homem concordou com tudo e, quando nasceu a criança, uma menina, a feiticeira logo se apresentou. Deu-lhe o nome de Verdurinha e levou-a consigo.----
    Verdurinha era a criança mais linda que o sol já vira. Ao completar doze anos, a feiticeira a encerrou em uma torre no meio de um bosque, a qual não tinha porta nem escada, mas apenas uma janelinha bem ao alto.
   Quando a feiticeira queria entrar, postava-se ao pé da torre e gritava:
                  - Verdurinha, Verdurinha!
                   - Solta essa tua trancinha!
    "Trancinha" era um modo de dizer, pois a moça tinha os cabelos longos, finos e louros como se fossem tecidos de ouro. Quando ouvia a voz  da feiticeira, soltava as tranças, prendia-as em volta de um gancho da janela e os cabelos, do comprimento de cem palmos, iam tocar no solo. Por elas a bruxa subia ao alto da torre.
      E aconteceu que um dia o filho do rei, andando a cavalo pelo bosque, passou junto à torre. Dali partia uma canção tão maravilhosa que ele parou  a escutá-la. Era verdurinha que, em sua solidão, se entretinha cantando. O príncipe quis subir até onde ela estava e procurou uma porta na torre; como, no entanto, não achou nenhuma, voltou ao palácio. Mas o canto lhe tocara de tal maneira o coração que todos os dias ele ia ao bosque e se punha a escutar. Certa vez, estando assim parado atrás de uma árvore, viu que uma feiticeira se aproximava e a ouviu chamar:
               - Verdurinha, Verdurinha!
               - Solta essa tua trancinha!
   Verdurinha soltou suas tranças e a bruxa subiu até o alto da torre.
  " Se é esta a escada por onde se sobe, - pensou o príncipe- também eu tentarei a minha sorte." E no dia seguinte, quando começou a escurecer, dirigiu-se à torre e chamou:
                 - Verdurinha, Verdurinha!
                 - Solta essa tua trancinha!
  Em seguida as tranças foram jogadas para baixo e o príncipe subiu por elas.
  No primeiro momento, Verdurinha assustou-se ao ver um homem à sua frente, pois ela nunca tinha visto um homem em toda a sua vida. Mas o príncipe começou a falar-lhe amavelmente, dizendo que suas canções haviam impressionado de tal modo o seu coração que não descansara enquanto não a tinha visto em pessoa. Verdurinha então perdeu o medo e, quando o príncipe perguntou se o aceitaria como esposo e ela viu que era moço e bonito, pensou: "Este há de gostar mais de mim do que a velha" e, pondo sua mão na dele, respondeu:
     - Com muito prazer irei contigo, mas não sei como sair daqui. Sempre que vieres, traze uma meada de seda e eu irei tecendo uma escada. Quando estiver pronta, descerei por ela e me levarás contigo no teu cavalo.
   Combinaram que até lá ele a visitaria todas as noites, porque de dia a velha era quem ia à torre. A feiticeira nada havia percebido até o dia em que Verdurinha lhe perguntou:
   - Diga-me, D. Gothel, por que será que faço um esforço muito  maior para puxar a senhora do que o jovem príncipe?
    - Ah, desgraçada! - exclamou a bruxa. - Que acabo de ouvir? Pensei que te havia isolado do mundo inteiro e mesmo assim me enganaste!
  Furiosa, pegou as lindas tranças de Verdurinha, enrolou-as na mão esquerda, apanhou uma tesoura com a direita e, num zás, cortou-as, atirando os lindos cabelos ao chão. E foi tão maldosa que conduziu a pobre Verdurinha a um deserto, onde teve de viver na maior tristeza e miséria.
   - No mesmo dia em que expulsara a jovem, a feiticeira, de noite, prendeu no gancho da janela as tranças cortadas. Quando o príncipe apareceu e chamou:
           - Verdurinha, Verdurinha!
            Solta essa tua trancinha!
    A bruxa soltou os cabelos e o filho de rei subiu por eles. Mas, em vez de encontrar Verdurinha, encontrou a feiticeira, que o recebeu com uns olhos fuzilando de ódio e maldade.
    - Ah! gritou ela- vieste buscar tua amada, mas o belo pássaro não está mais na gaiola, nem tornará a cantar. O gato o comeu, e a ti te arrancará os olhos. Verdurinha não será tua, nunca tornarás a vê-la.
    O príncipe, fora de si, de dor e desespero, atirou-se da torre. Salvou a vida, mas os espinhos, entre os quais caiu, lhe arranharam as vistas. Daí em diante passou a vagar, cego, pelo bosque; só comia raízes e frutos silvestres e não fazia outra coisa senão lamentar a perda da sua amada esposa. Vagou assim, alguns anos, até que um dia foi dar no deserto onde vivia Verdurinha, miseravelmente, com seus dois filhos gêmeos, um menino e uma menina. Ouvindo uma voz que lhe pareceu familiar, ele se aproximou; Verdurinha o reconheceu e logo se jogou, chorando, a seus braços. Duas de suas lágrimas foram umedecer os olhos do marido e no mesmo instante ele recuperou a visão, passando a enxergar como antes. O príncipe os conduziu ao seu reino, onde foi recebido com grande alegria e todos viveram, ainda por muito tempo, felizes e satisfeitos.FIM






quinta-feira, 11 de junho de 2015

OS DOZE IRMÃOS - CONTOS DE GRIMM

                     Os Doze Irmãos
 
Era uma vez um rei e uma rainha que viviam em boa paz e tinham doze filhos, todos eles varões. Um dia, o 
rei disse à sua esposa:
  - Se o décimo-terceiro filho que esperas for menina, os doze rapazes deverão morrer, para que a herança se torne maior e o reino inteiro pertença somente a ela.
    - E mandou fazer doze caixões, enchê-los com serragem e colocar em cada um deles uma pequena almofada. Depois mandou que os guardassem numa sala fechada e, dando a chave à rainha, proibiu-a de falar nisso a qualquer pessoa.
    A mãe passava os dias em profunda tristeza até que certa vez, seu filho menor, que nunca se separava dela, a quem dera o nome de Benjamim, como na Bíblia, lhe perguntou:
   - Por que estás tão triste, mãezinha querida?
   - Ah, meu filho! - respondeu ela.- Não posso dizer-te.
    Mas  o menino não lhe dava sossego com suas indagações. Ela, então, abriu a porta da sala fechada e, mostrando-lhe os doze caixões cheios de serragem, disse:
    - Meu querido Benjamim, teu pai mandou fazer estes caixões para ti e teus onze irmãos. Se eu trouxer ao mundo uma menina, todos vocês serão mortos e sepultados dentro deles.
    E como ela chorasse enquanto falava, o filho quis consolá-la:
    - Não chores, querida mãe. Nós nos salvaremos, indo embora a tempo.
     - A rainha, então, ordenou-lhe:
     - Vai ao bosque com teus onze irmãos e que um de vocês fique sempre de guarda em cima da árvore mais alta que encontrarem, observando a torre do palácio. Se nascer um menino, içarei uma bandeira branca e vocês todos poderão voltar. Mas, se for uma menina, hastearei uma bandeira vermelha. Nesse caso, fujam o mais depressa possível e que Deus os proteja. Todas as noites me levantarei para rezar por vocês pedindo que no inverno tenham fogo para se aquecerem e no verão não sintam calor demais.
    Depois, tendo abençoado seus filhos, estes partiram para o bosque.
    Um após outro ficava de guarda, sentado no carvalho mais alto, olhando para a torre. Ao fim de onze dias, chegou a vez de Benjamim, que viu içarem uma bandeira; mas não era branca e sim vermelha como sangue, avisando-os de que deveriam morrer. Quando os irmãos ouviram a notícia, ficaram cheios de raiva e disseram:
   - Íamos morrer por causa de uma menina! Juremos vingança! Onde encontrarmos uma menina, o seu sangue será derramado.
    A seguir embrenharam-se mais ainda pelo bosque e, no lugar mais espesso e escuro, encontraram uma cabana encantada que estava deserta.
   - Vamos ficar morando aqui- disseram - Benjamim, tu que és o menor e o mais fraco, ficarás cuidando da casa enquanto nós iremos procurar alimento,
   E saíram a caçar lebres, veados, pombas e tudo o que havia para comer. Mais tarde Benjamim preparava a comida, para saciar a fome dos irmãos. Assim viveram juntos durante dez anos, e o tempo não lhes pareceu longo.
   Enquanto isso, nesse meio tempo, a menina que a rainha dera à luz, havia crescido; era linda e de bom coração. Trazia na testa uma estrela dourada. Certo dia em que se acostumava lavar roupa no palácio, ela viu doze camisas de homem e perguntou à sua mãe:
   A quem pertencem essas doze camisas? São  pequenas demais para serem de meu pai.
  A rainha repondeu-lhe com o coração angustiado:
    - Querida filha, elas pertencem a teus doze irmãos.
    - E onde estão meus doze irmãos? Nunca ouvi falar neles.
     - Só Deus sabe onde estão. Andam errando pelo mundo afora.
     E conduzindo sua filha até a sala  fechada, abriu a porta e mostrou-lhe os doze caixões, cheios de serragem e com as almofadas.
    - Estes caixões- disse-lhe- eram destinados a teus irmãos, mas eles fugiram para o bosque antes de nasceres.- E passou a contar tudo o que havia acontecido. A menina, então, consolou-a:
    Não chores, querida mãe! Vou sair à procura de meus irmãos.
    Apanhou as doze camisas e, pondo-se a caminho, foi diretamente para o interor do vasto bosque. Andou o dia inteiro e, ao anoitecer, chegou à casinha encantada. Entrou e ali encontrou um rapazinho, que lhe perguntou:
  -  De onde vens e para onde vais?
   - Encantou-se com sua beleza, seu régio vestido e com a estrela que brilhava em sua fronte.
    - Sou uma princesa- respondeu ela- e ando à procura de meus doze irmãos. Estou disposta a caminhar sob o céu azul até encontrá-los.
    Mostrou-lhe então, as doze camisas e Benjamim, reconhecendo que era sua irmã, disse:
    - Sou Benjamim, teu irmão mais moço.
     A menina começou a chorar de alegria e ele também; os dois se abraçaram e beijaram com grande afeto. Depois o rapaz falou:
    - Querida irmã, existe, ainda um impedimento. Havíamos combinado matar qualquer menina que encontrássemos, porque fomos obrigados a abandonar nosso reino por causa de uma manina.
     Ao que ela respondeu:
    Morrerei com gosto se assim puder salvar meus irmãos!
    - Não, não! - retrucou Benjamim- Não morrerás!Oculta-te debaixo deste tonel até chegarem os onze irmãos, que irei entender-me com eles.
     A menina assim fez.
     Quando anoiteceu, os demais regressaram à casa e sentaram-se à mesa. Enquanto comiam, perguntaram a Benjamim:
    - Quais são as novidades?
    - Vocês não sabem de alguma?
     - Não- responderam eles.
     - Estiveram no bosque e eu, que fiquei em casa, sei mais do que vocês- comentou o rapaz.
      -Pois conta-nos! - exclamaram eles.
      - Prometem-me não matar a primeira menina que encontrarem?
      - Sim-responderam todos- havemos de poupá-la; mas conta-nos o que sabes.
     E Benjamim contou:
     - Nossa irmã está aqui.
     - Levantou o tonel e a princesinha surgiu de baixo dele, linda e delicada, com sua vestimenta régia e a estrela dourada na fronte. Houve grande alegria entre todos e os irmãos a abraçaram e beijaram com ternura.
     A menina ficava em casa com Benjamim para ajudá-lo nos afazeres domésticos. Os outros saíam ao bosque para caçar corças e pombas, a fim de terem o que comer; depois Benjamim e a irmã preparavam os pratos. Ela procurava lenha, ervas e punha as panelas ao fogo para que a comida estivesse pronta quando os onze regressassem. Trazia a casinha em ordem, a roupa de cama bem branca e limpa e os irmãos estavam satisfeitos com ela. Viviam, assim, em grande união e harmonia.
     Certa vez, os dois que ficavam em casa prepararam um prato muito saboroso e, reunidos todos, sentaram-se à mesa, comendo e bebendo com grande prazer. Havia, porém, um pequeno jardim na casa encantada e nele cresciam doze lírios. A menina, querendo fazer uma surpresa a seus irmãos, cortou as doze flores para dar um a cada um deles após o almoço. Entretanto, mal acabara de cortá-laa, os doze irmãos se transformaram em doze corvos que saíram voando sobre o bosque e, ao mesmo tempo, a casa e o jardim desapareceram. A pobre menina ficou sozinha na mata escura e, ao voltar-se para olhar em redor, viu uma velha a seu lado. Esta lhe falou:
   - Que fizeste, minha filha? Por que não deixaste no seu lugar as doze flores? Eram teus irmãos. que, agora, foram transformados, para sempre em corvos.
    A menina respondeu chorando:
    - Não existe algum meio de salvá-los?
    - Não - disse a velha- não há senão um único meio, mas tão difícil que com ele não poderás libertar teus irmãos. terias de passar sete anos muda, sem falar e sem rir. Uma só palavra tornaria inútil todo o teu sacrifício, ainda que faltasse apenas uma hora para findarem os sete anos. Pronunciada essa única palavra, os teus irmãos morreriam.
     Confiante em seu amor, a menina pensou: "Estou certa de que salvarei meus irmãos". Procurou uma árvore bem alta, subiu nela e ali ficou, tecendo, sem pronunciar uma palavra e sem rir jamias.
    Sucedeu, porém, que um rei, caçando, entrou no bosque. Trazia consigo um grande galgo, que correu até a árvore onde morava a princesinha e ali se pôs a ladrar. O rei aproximou-se e viu a linda menina com a estrela dourada na fronte. Maravilhou-se tanto com sua formosura que lhe perguntou se seria sua esposa. Ela não respondeu uma só palavra; fez, apenas, um leve sinal afirmativo com a cabeça. O rei, então, subiu na árvore, tomou a princesa em seus braços e, montando com ela no cavalo, levou-a ao palácio. Ali celebraram o casamento com grande pompa e regozijo, mas a noiva não falou nem riu uma só vez.
     Ao fim de alguns anos em que viveram felizes, a mãe do rei, que era uma mulher malvada, começou a falar da jovem rainha, dizendo a seu filho:
    É uma mendiga vulgar que trouxeste para casa. Sabe lá que malvadeza não estará ela maquinando em segredo! Se é muda e não pode falar, poderia ao menos rir, mas quem nunca ri não tem a consciência limpa.
    A princípio o rei não quis dar-lhe ouvidos, mas tanto a velha insistiu e de tantas maldades a acusou que, finalmente, o rei se deixou convencer e a condenou à morte.
     Acenderam uma fogueira bem grande no pátio, onde a rainha deveria morrer queimada. O rei estava parado numa janela que ficava ao alto e assistia, chorando, à execução, porque ainda a  amava muito, E quando já estava atada ao poste e as chamas começaram a lamber-lhe o vestido, escoou-se o último segundo dos sete anos de sua penitência. No mesmo instante, ouviu-se um grande ruído de asas no ar, e apareceram doze corvos que pousaram no chão.Nem bem o haviam tocado, transformaram-se nos doze irmãos, salvos pelos sacrifício da princesa. Apressaram-se logo a apagar o fogo, libertando sua irmã, e a abraçaram e beijaram carinhosamente. E ela, que então pode abrir a boca e falar, contou ao rei por que motivo estivera muda todo o tempo e por que nunca havia rido. O rei alegrou-se muito ao ver  que sua esposa era inocente e todos eles passaram a viver juntos, em boa paz. A sogra perversa foi forçada a comparecer ante um tribunal e, depois, metida dentro de um barril cheio de azeite fervente. E assim morreu.
FIM










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Um beijo
Um abraço
e um aperto de mão.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

O FIEL JOÃO - CONTOS DE GRIMM

  Era uma vez um velho rei que, sentindo-se enfermo, refletiu: "Encontro-me, sem dúvida, no leito da morte." E ordenou:                - Tragam-me o fiel João! Era este o seu criado favorito e era assim chamado porque durante toda a vida fora fiel a seu amo. Chegando aos pés da cama, o rei lhe falou:
   - Meu fidelíssimo João, sinto que a morte se aproxima e nada mais me preocupa agora a não ser meu filho. É ainda muito jovem e nem sempre sabe como portar-se. Promete-me instruí-lo em tudo de que necessite saber e que serás para ele como um segundo pai; caso contrário, não fecharei meus olhos em paz.
     - Prometo não abandoná-lo, - respondeu o fiel João. Vou servi-lo com fidelidade, ainda que isso me custe a vida.
    - Então morrerei tranquilo. - E, prosseguindo, disse o velho monarca; - Após a minha morte, tu lhe mostrarás o castelo inteiro, todos os aposentos, salões, subterrâneos e todos os tesouros que ali estão, exceto a última sala da longa galeria, onde se encontra o quadro com o retrato da Princesa do Telhado de Ouro. Se o meu filho chega a vê-lo, sentirá por ela um amor tão profundo que perderá os sentidos e, por sua causa, irá expor-se a graves perigos. Deves preservá-lo disso.
      Tendo o criado fiel, mais uma vez, apertado a mão do rei, este calou-se, reclinou a cabeça no travesseiro e exalou o último suspiro,
      Sepultado o velho soberano, João contou ao jovem rei a promessa que fizera a seu pai no leito de morte e acrescentou:
     - Cumprirei a minha palavra e te serei fiel como fui a teu pai, embora me custe a vida.
      Findo o luto, dirigiu-se ao rei e lhe disse:
      - Chegou a hora de veres tua herança; vou mostrar-te o castelo de teu pai.
     E andou com ele por todo o palácio, acima e abaixo, mostrando-lhe os tesouros e as salas magníficas. Mas conservou fechada aquela em que se encontrava o quadro perigoso, já que este era visto ao abrir-se a porta. Sua perfeição era tal que a princesa parecia estar respirando e a gente não acreditava que pudesse haver coisa mais bela no mundo inteiro.
     Mas o jovem rei, percebendo que o fiel João passava sempre por uma das portas sem abri-la, indagou:
    - Por que não abres essa porta?
    - Porque nesse aposento existe algo que te amedrontaria, - retrucou o criado.
    Dirigiu-se à porta e começou a forçá-la; mas o fiel João deteve-o, dizendo:
    - Antes de teu pai morrer, prometi-lhe que não verias o que está neste quarto; poderá ser tua desgraça e a minha.
   - Ao contrário- respondeu o jovem- esta proibição é que será minha ruína. Não descansarei dia e noite se não vir, com meus próprios olhos, o que há aí dentro. - E daqui não saio antes de me abrires a porta.
     João compreendeu que era inútil opor-se e, com o coração pesado e muitos suspiros, retirou a chave do molho grande. Aberta a porta, entrou primeiro, tentando encobrir o quadro com seu próprio corpo para que o rei não visse. Mas que  adiantou? O jovem ergueu-se na ponta dos pés e olhou por cima dos seus ombros.
    Assim que viu o retrato da princesa, resplandescente de ouro e pedras preciosas, caiu ao chão sem sentidos. O fiel João levantou-o e, enquanto o levava nos braços para a cama, pensou angustiado: "A desgraça aconteceu! Meu Deus, que será agora?
    Deu-lhe uns goles de vinho, para fazê-lo voltar a si. Quando o jovem rei conseguiu falar novamente, suas primeiras palavras foram:
    - De quem é aquele retrato tão lindo?
    - É da Princesa do Telhado de Ouro, - respondeu o fiel João.
    - Meu amor por ela é tão grande - continuou o rei - que, se todas as folhas das árvores fossem línguas, mesmo assim não seriam capazes de expressá-lo! Darei a minha vida para conquistá-la e tu, que és meu criado fiel, terás de ajudar-me.
     Durante muito tempo João ficou meditando como isso seria possível, uma vez que só o fato de chegar à presença da princesa já era dificílimo. Finalmente, descobriu um meio e disse ao rei;
    - Tudo o que cerca a princesa é de ouro: mesas, cadeiras, bacias, taças, tigelas, enfim, todos os pertences de uma casa. Tua fortuna consta de 5 toneladas de ouro. Manda distribuir uma tonelada aos ourives do reino para que a transformem na mais diversas classes de vasos e objetos, em toda a espécie de pássaros, animais selvagens e bichos fabulosos. Com essas peças, nós nos poremos a caminho para tentar a sorte, pois a princesa se agradará delas.
    O rei, então, mandou chamar todos os ourives do país. Estes se puseram a trabalhar dia e noite até que aprontaram os mais maravilhosos objetos. Depois de transportado tudo aquilo para um navio, o fiel João e o rei vestiram roupas de mercadores, com o propósito de se tornarem irreconhecíveis. Logo após se fizeram ao mar e navegaram até a cidade onde morava a Princesa do Telhado de Ouro.
    O fiel João pediu ao rei que permanecesse no barco e esperasse a sua volta.
   - Talvez - disse ele- eu consiga trazer a princesa. Trata, pois, de deixar tudo em ordem; manda por à vista as peças de ouro e enfeitar o navio todo.
   A seguir, reuniu certa quantidade daqueles objetos, colocou-os no cinturão, desembarcou e encaminhou-se diretamente para o palácio real. Entretanto no pátio, viu uma linda jovem ocupada em encher dois baldes de ouro em um poço. A moça, ao voltar-se para levar a água, notou o homem e perguntou quem era.
   Sou um mercador,- respondeu este e, abrindo o cinturão, mostrou o que continha.
   - Que maravilha!- exclamou a jovem. Pôs o balde no chão e passou a examinar as peças, uma por uma.- A princesa precisa vê-los, -continuou- ela aprecia os objetos de ouro e com certeza vai comprar tudo.
   Levou o homem pela mão ao interior do palácio, pois era a camareira. A princesa, quando viu a mercadoria, alegrou-se imensamente e disse:
  - É um trabalho tão perfeito que vou comprar tudo!
   O fiel João, porém, esclareceu:
  - Sou, apenas, o criado de um comerciante muito rico e o que tenho aqui nada significa comparado ao que meu amo guarda em seu navio; é o que há de mais artístico e precioso trabalhado em ouro.
   Imediatamente a princesa quis que lhe trouxessem tudo , mas João foi logo dizendo:
  A quantidade é tão grande que seria preciso muitos dias e mais salas do que existem no vosso palácio.
   Essas palavras aumentaram a curiosidade e a cobiça da jovem.
   - Leva-me até o navio. Pretendo ir, pessoalmente, ver os tesouros do teu amo.
    Satisfeito, João conduziu a princesa ao barco. E o rei, ao vê-la, achou-a ainda mais bela em pessoa do que no retrato. E seu coração pulsou com tanta violência que parecia quer saltar-lhe do peito. A princesinha subiu na embarcação e o rei a acompanhou ao seu interior. O criado, então, aproximando-se do piloto, deu-lhe ordem de partida.
    - Faça içar todas as velas para que o navio ande tão depressa como pássaro nos ares.
   Enquanto isso, o rei mostrava à princesa os pratos de ouro, cada um isoladamente; as bacias, taças, tigelas, pássaros, animais selvagens e lendários. Passaram-se, assim, muitas horas e a jovem absorta em olhar tudo, não notou, na sua alegria, que o navio estava em movimento. Depois de ter olhado o último objeto, agradeceu ao comerciante, pretendendo regressar ao  palácio. Quando, porém, subiu ao convés, percebeu que estava bem longe da terra, navegando em alto mar.
   - Ai de mim! - exclamou, cheia de susto.- Fui enganada! Raptaram-me e estou em poder de um comerciante. Mil vezes a morte!
   Mas o rei, pegando-lhe a mão, disse:
    - Não sou comerciante, sou um rei e a minha origem não é inferior à tua. Se te raptei, usando de astúcia, foi porque te amo a mais não poder. A primeira vez que vi teu retrato, perdi os sentidos.
    A Princesa do Telhado de Ouro, ouvindo essas palavras, sentiu-se conformada e seu coração não se mostrou ingrato, de modo que consentiu em ser sua esposa.
    Enquanto navegavam, o fiel João, sentado à proa do navio, tocava um instrumento. De repente viu no ar três corvos que se aproximavam. Parou a música e ficou a escutar o que eles conversavam, pois entendia sua linguagem. Dizia um deles:
    - Vejam! Ele está levando para seu castelo a Princesa do Telhado de Ouro.
    - Sim- respondeu o segundo- mas ainda não lhe pertence.
    - Disse o terceiro:
    - Como não? Se está aí no barco!
    - De que lhe adianta? Quando chegarem à terra, um cavalo alazão virá correndo a seu encontro; o rei vai querer montá-lo e o animal saíra a galope e desaparecerá com ele pelos ares. Assim, jamais voltará a ver a princesa.
    - Disse o segundo:
    - E não há um meio de salvá-lo?
    - Oh, sim. Se outra pessoa montar rapidamente e, com uma pistola que esta no coldre, matar o cavalo, o rei se salvará. Mas quem sabe disso? E se alguém souber e lhe contar, há de transformar-se em pedra:
    E o segundo continuou falando:
    - Sei mais ainda. Mesmo que o cavalo seja morto, o rei não ficará com sua noiva. Quando chegarem juntos ao palácio, encontrarão uma camisa de bodas numa bandeja, que parecia tecida em ouro e prata mas não passa de enxofre e breu. Se vestir, ficará queimado até os ossos.
   Perguntou o terceiro;
    - E não há meio de salvá-lo?
    - Oh, sim! - retrucou o segundo.- Se alguém pegar, de luvas, a camisa e a atirar ao fogo para que se queime, o rei estará a salvo. Mas de que adianta? A pessoa que souber disso e contar, há de transformar-se em pedra, da cintura até o coração.
     E o terceiro prosseguiu dizendo:
     - Pois eu ainda sei mais. Embora a camisa seja queimada, o rei não terá sua noiva. Quando começar o baile depois do casamento e a jovem rainha estiver dançando, ficará pálida de repente e cairá ao chão morta. Se alguém não a levantar e sorver três gotas de sangue do seu seio direito, cuspindo-as em seguida, ela morrerá. Entretanto, quem souber disso e contar, há de transformar-se em pedra desde a sola dos pés até a cabeça.
     Depois de terem falado assim, os corvos continuaram seu voo e o fiel João, que tudo entendera, daí por diante se foi tornando silencioso e triste. Se ocultasse o que ouvira, desgraçaria o seu amo e, se falasse, pagaria com a própria vida. Depois de muito pensar decidiu-se: " Salvarei meu amo, ainda que isso me custe a vida!"
    Quando chegaram à terra e desembarcaram, aconteceu aquilo que o corvo havia anunciado. Um magnífico alazão aproximou-se a galope.
    - Ótimo!- exclamou o rei- Este cavalo me levará a meu castelo.
     Dispo-se a montá-lo, mas o fiel João, antecipando-se, saltou sobre o animal, tirou a arma do coldre e matou o cavalo de um tiro.
     Vendo isso, os outros criados, que não gostavam dele, começaram a gritar:
       - Que horror! Matar este belo animal que deveria levar o rei a seu castelo!
      O rei no entanto, lhes disse:
      - Calem-se! Ele é o mais fiel dos meus criados e quem sabe por que razão procedeu assim!
       A seguir, dirigiram-se ao palácio. Lá estava, numa das salas, a bandeja com a camisa de bodas. Parecia toda de ouro e prata. O jovem rei quis apanhá-la, mas o fiel João, pegando-a com um par de luvas, jogou-a, rapidamente, no fogão, onde foi consumida pelas chamas. Os demais criados recomeçaram a resmungar, dizendo:
       Vejam; agora queimou a camisa de bodas do rei!
       O soberano, porém, observou:
      - Quem sabe por que agiu assim? Deixem-no! Ele é o mais fiel dos meus criados!
      - O casamento foi celebrado e começou o baile. A noiva saiu dançando e o fiel João não a perdia de vista, observando-lhe o rosto. De repente, ela empalideceu e caiu ao chão como morta. João saiu correndo, ergueu numa cama. A seguir, ajoelhando-se perto dela, sorveu-lhe três gotas de sangue do seio direito, cuspindo-as em seguida. Pouco depois a jovem começou a respirar novamente e recuperar os sentidos. O rei, porém, que a tudo assistira e ignorava as razões por que o fiel criado agira daquela maneira, gritou encolerizado:
      - Joguem-no ao cárcere!
       Na manhã seguinte, João foi condenado à morte e levado à forca. Quando já se encontrava no patíbulo, disse:
       Todo condenado tem o direito de falar antes de morrer. Cabe-me, também, esse direito?
       - Sim- respondeu o rei.
       Aí, então, o servo fiel começou a falar:
      Fui condenado injustamente, pois sempre te fui fiel.
     E passou a contar a conversa dos corvos, que ouvira durante a viagem e como, para salvar seu amo, fora obrigado a agir daquela maneira. O rei, então, exclamou:
      Oh, meu fidelíssimo João! Perdoa-me! Tirem -no, imediatamente, daí!
      João, porém ao pronunciar a última palavra, caíra ao chão, transformando numa estátua de pedra.
      O rei e a rainha comoveram-se profundamente e o soberano falou:
      - Se pudesse devolver-te a vida, meu fiel João!
      - Ai de mim! Como retribuí mal a sua grande fidelidade! - E, mandando carregar a estátua de pedra, ordenou que a colocassem em seu quarto, junto ao leito. Cada vez que a contemplava, não podia conter as lágrimas de dizia:
     - Se pudesse devolver-te a vida, meu fidelíssimo João!
    Passado algum tempo, a rainha deu a luz dois gêmeos, que foram crescendo e eram a alegria dos pais. Certa vez, quando a rainha se encontrava na igreja e as duas crianças brincavam perto do pai, este olhou, de novo, cheio de amargura, para a estátua de pedra, suspirou e disse:
   - Oh, se eu pudesse devolver-te a vida, meu fidelíssimo João!
      E eis que, de repente, a estátua começou a falar:  
      - Sim, podes devolver-me a vida se fores capaz de sacrificar o que te é mais caro.
       - O rei respondeu logo:
       - Tudo que possuo neste mundo eu sacrificarei por ti.
       - Bem- prosseguiu a estátua- se com tuas próprias mãos cortares a cabeça de teus filhos e passares o seu sangue no meu corpo, recuperarei a vida.
       O rei estremeceu ao ouvir que deveria, ele mesmo matar seus filhos queridos, mas, lembrando-se da grande fidelidade de João, que por ele morrera, desembainhou a espada e cortou a cabeça aos dois meninos. Depois passou o sangue delas na pedra, que logo se animou, e o criado fiel reapareceu à sua frente, vivo e são. Dirigiu-se ao rei, dizendo:
     - Tua lealdade será recompensada.
     - Apanhou as cabeças das crianças e, colocando-as nos respectivos corpos, untou os ferimentos com o sangue delas. No mesmo instante os meninos reviveram e, saltando, felizes, continuaram a brincar como se nada lhes houvesse acontecido.
      O rei alegrou-se imensamente e, ao ver que a rainha se aproximava, escondeu o fiel João e as crianças dentro de um armário bem grande. Quando ela entrou na sala, perguntou-lhe:
      - Rezaste na igreja?
      - Sim- respondeu ela- Mas estive pensando, o tempo todo, no fiel João, que sacrificou a vida por nós.
      - Disse -lhe, então, o rei:
       - Querida, poderemos fazê-lo viver novamente, mas isso nos custará a vida de nossos dois filhos.
       A rainha empalideceu e sentiu uma forte dor no coração. Entretanto, disse:
      - Devemos-lhe isso, pela grande lealdade que ele nos devotou.
      - Vendo que a rainha pensava como ele, o rei foi ao armário e fez sair de dentro as duas crianças e o fiel João. Depois exclamou:
      - Graças a Deus, ele está salvo e o nossos filhos também!
      - E contou-lhe o que havia acontecido. Desde então viveram juntos e felizes até a morte.
FIM

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