sábado, 23 de maio de 2015

O LOBO E OS SETE CABRITINHOS -CONTOS DE GRIMM

   Apoio: chave: silasmr.contato@gmail.com   













  O amor de uma velha cabra por seu sete cabritinhos era igual ao amor de uma boa mãe pelos seus filhos. Um dia a cabra resolveu ir ao mato buscar comida. Chamou todos os sete e lhe disse:
    - Vou ao mato, meus filhinhos; tenham muito cuidado com o lôbo. Se ele entrar em casa, vai devorar vocês, com pele osso e tudo. O malvado costuma disfarçar-se, mas podem reconhecê-lo porque a voz dele é rouca e suas patas são negras.
    Os cabritinhos responderam:
    - Teremos bastante cuidado, mãezinha.
    A  cabra despediu-se e, confiante, seguiu seu caminho.
    Não demorou muito, alguém bateu à porta e uma voz disse;
    - Abram meus filhinhos, que sua mãe chegou e trouxe uma coisa boa para cada um de vocês.
    Mas os cabritinhos perceberam, pela voz rouca, que era o lôbo.
    - Não abriremos - gritaram- Não és nossa mãe. Ela tem a voz suave e agradável; a tua é rouca. Tu és o lôbo.
       Então ele foi ao vendeiro e comprou um pedaço de gesso. Engoliu-o para tornar sua voz mais fina e depois voltou à casa, tornando a bater.
      - Abram, meus fililhos, sua mãe chegou e trouxe uma coisa boa para cada um de vocês.
      Mas o lôbo tinha apoiado uma das patas negras na vidraça e os cabritinhos gritaram:
       - Não abriremos; a nossa mãe não tem a pata negra como tu. És o lôbo.
      A fera correu, então, ao padeiro e falou-lhe:
      - Olha, machuquei uma das minhas patas; esfrega nela um pouco de massa.
      - Depois que o padeiro lhe passou a massa no pé, o lobo foi procurar o moleiro e pediu-lhe:
      Derrama um pouco de farinha na minha pata.
     O moleiro, porém, pensou: "o lobo anda querendo enganar alguém" e negou-se a fazer-lhe a vontade. A fera, no entanto, o ameaçou:
      - Se não me atenderes, devoro-te.
       Amedrontado, o homem braqueou-lhe a pata.
       Pela terceira vez o malvado foi à casa da cabrita, bateu à porta e disse:
       - Abram, meus filhinhos, que sua mãezinha chegou e trouxe uma coisa boa para cada um de vocês.
         Mas os cabritinhos responderam:
         - Mostra-nos primeiro a tua pata para sabermos se és mesmo a nossa querida mãezinha.
         O lobo pôs o pé na janela e, quando viram que era branco, acreditaram nas suas palavras e abriram a porta. Mas quem entrou foi o lobo. Os cabritinhos, assustados, correram a esconder-se. Um deles meteu-se embaixo da mesa, o outro na cama, o terceiro no fogão, o quarto na cozinha, o quinto na armário, o sexto debaixo da bacia emborcada, e o sétimo na caixa do relógio de parede. Mas o lôbo foi encontrando todos eles e, sem mais cerimônias, os devorou um por um. Só não encontrou o menorzinho dentro da caixa do relógio. Farto e satisfeito, o lobo saiu e foi deitar-se embaixo de uma árvore, onde logo pegou no sono.
       Pouco depois a cabra voltou. Santo Deus! O que viu! A porta escancarada: mesa,cadeiras e bancos virados; a bacia em cacos; cobertas e travesseiros espalhados pelo chão. Procurou os filhos, mas não estavam em parte alguma. Pôs-se a chamá-los pelo nome e nenhum respondeu. Por fim, quando chegou a vez do último, ouviu uma vozinha fraca:
      - Mãezinha, estou aqui dentro da caixa do relógio!
       A cabra tirou o pequenino dali e ele lhe contou que o lobo tinha vindo e devorado os demais. Bem podem imaginar com que desespero a mãe chorou a perda de seus pobres filhinhos!
        Quando não lhe restavam mais lágimas, saiu acompanhada do pequenino. Chegando ao campo. Lá encontraram o lobo escarrapachado embaixo da árvore, roncando tão alto que até os galhos tremiam. A cabra examinou-o de perto e viu que algo se movia e agitava em sua barriga estufada, "Meu Deus! - pensou- será que meus pobres filhos, que ele devorou, ainda estão vivos? Mandou o cabritinho, correndo, à casa, trazer uma tesoura, agulha e linha. A seguir, começou a abrir a pança do lobo e, mal tinha dado o primeiro corte, apareceu a cabeça de um dos cabritinhos e, à medida que ia cortando, todos os seis saltaram para fora, sem terem sofrido o menor dano, pois a fera, na sua esganação, os engolira inteiros. Que alegria da turma! Com quanto carinho abraçaram sua mãezinha, saltando contentes como numa festa de casamento. Mas a cabra falou-lhes:
          - Agora saiam a procurar pedras; com elas encheremos a pança deste excomungado enquanto estiver dormindo.
            Os sete cabritinhos apressaram-se a trazer as pedras, que foram metendo na barriga do lobo, tantas quantas cabiam lá dentro. Depois a cabra costurou-lhe a pele tão rapidamente que a fera não notou coisa alguma, nem fez o menor movimento.
        Terminada a sesta, o lobo levantou-se e, como as pedras na barriga lhe davam uma grande sede, foi ao poço beber água. Mas quando se movimentou, as pedras começara-se a chocar-se e fazer barulho, ao que a fera exclamou:
                    " Que sons esquisitos
                        Nas tripas minhas!
                        Serão cabritos
                         Ou serão pedrinhas?"
          Quando chegou ao poço e se debruçou para beber, o peso das pedras fê-lo perder o equilíbrio e ele foi cair no fundo, onde se afogou miseravelmente. Os sete cabritinhos, que tinham visto tudo, vieram correndo e gritando contentes:
          - O lobo morreu! O lobo morreu!
           E de tão alegres ficaram que se puseram a dançar, junto com à mãe, à roda do poço.
FIM




Visite meu canal no You Tube ; Silvana Carvalho  Eu conto esta história.
Um beijo
um abraço 
e um aperto de mão!

2 comentários:

  1. Silvana, bom dia, seria possível você me passar a ficha catalográfica dessa edição que aparece na foto? Assim eu poderei buscá-la em sebos mais facilmente. Isso seria muito importante para mim, pois cresci com essa edição, mas fui burro o suficiente para emprestá-la e perdê-la. Era um exemplar lindo com capa dura azul e imagens em xilogravura. Jamais esqueci. Só que eu nunca memorizei de quem era a edição e a tradução, nem muito menos o ano. Desde já grato por sua atenção.

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  2. Que bom que o amor de uma mãe é maior que o lobo.

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