"OBRIGADA QUERIDO LEITOR ESSE TRABALHO FOI FEITO COM DEDICAÇÃO E AMOR. ESTE ÚLTIMO CONTO VAI SER SABOREADO COM TODO CARINHO!"
Chave pix : silasmr.contato@gmail.com , se puder apoiar meus livros estão precisando ser restaurados.
O DUENDE PEDRINHO
Conheces o duende Pedrinho. Mas conheces também a senhora do jardineiro! Era dama letrada, sabia recitar versos, e até os escrevia com facilidade; só a rima"o forjar dos elos" é que lhe dava algum trabalho. Sim, tinha talento; talento de escritora e de oradora. E poderia ser até pregadora, ou pelo menos mulher do pregador.
- Como a terra é encantadora nas suas roupas domingueiras! - dizia ela
E estilizando e " rebitando" essa ideia, fizera dela uma longa canção.
O seminarista Kisserup - afinal o nome nem vem ao caso - o seminarista era filho da irmã da senhora do jardineiro; foi fazer-lhe uma visita e ouviu-a declamar o poema; disse então que o achava realmente edificante, um estímulo para o coração. E declarou:
- A senhora tem espírito.
Ao que o jardineiro retrucou logo:
- Asneiras! Não lhe meta essas coisas na cabeça! Uma mulher deve ter é corpo, um corpo sadio; e deve prestar atenção mas é às panelas, para que a comida não se queime.
- Pois o queimado, retiro-o com brasa - respondeu ela. - E se fores tu quem estiver " esturrado", tiro-o logo com um beijo! Parece mesmo que ele só gosta de repolhos e de batatas, e no entanto adora as flores!
E, dizendo isso, deu-lhe um beijo, acrescentando ainda:
- As flores são o espírito!
- Cuida das tuas panelas! - disse ele, dirigindo-se para o jardim.
É que para ele era o jardim a panela que lhe interessava.
Mas o seminarista ficou conversando com a senhora. Aquelas belas palavras que ela pronunciara - " A terra é encantadora!" - davam-lhe impulso para um sermão inteiro, sermão que fez à sua maneira.
- A terra é encantadora. Dominai-a! E nós nos tornamos seus donos. Um, pelo espírito, outro, pelo corpo. Este foi posto no mundo como um ponto de admiração, pasmado: aquele, como um hífen, que desperta em todos esta pergunta: " Que pretende ele? " Um chega a ser bispo; outro não passa de um pobre seminarista. Mas tudo foi subitamente organizado; " A terra é encantadora, e está sempre endomingada!" É na verdade um poema que inspira ideias, senhora, um poema cheio de geografia, e de sentimento.
- O senhor tem espírito. Sr. Kisserupp; muito espírito, digo-lhe eu! Quem, conversa com o senhor fica esclarecido a respeito de si próprio.
Continuaram palestrando nesse tom, sempre com a mesma beleza e elevação; mas na cozinha havia alguém que também falava: e era o duende Pedrinho, o homenzinho vestido de cinzento, de carapuça vermelha à cabeça. Qualquer pessoa pode vê-lo. Estava o duende Pedrinho sentado na cozinha e espiando as panelas enquanto falava; mas ninguém o ouvia, a não ser a grande gata preta - a ladra de nata, como a chamava a senhora.
O duende pedrinho estava muito zangado com a dona da casa, porque ela não acreditava, absolutamente não acreditava na sua existência! É verdade que ela jamais o vira; mas entendia o duende que mulher tão erudita devia saber que ele existia, e devia também tratá-lo com certa consideração. Mas o fato é que ele nunca se lembrava de lhe destinar na Noite de Natal nem se quer uma colherada de arroz-doce, como todos os seus antepassados tinham recebido - e note-se: de senhoras que não eram absolutamente eruditas! E arroz ressumando manteiga e nata! A gata. só de ouvir falar nisso, ficou com água nas barbas.
- Diz que sou um símbolo - continuou o duende Pedrinho.- Isso é coisa que minha imaginação não pode alcançar! Para ela é como se eu não existisse. É o que verifico, toda a vez que a ouço, como fiz neste mesmo momento. Lá está conversando com o seminarista - aquele professoreco! Pois eu digo, com o jardineiro: " Cuida das tuas panelas!" Mas a mulher não se importa, e agora vai ver como a panela derrama!
E o duende pedrinho soprou o fogo e levantaram-se labaredas altas.
- Chichhhh...Chich...
Lá derramou o leite
- Vou agora furar as meias do jardineiro. Vou fazer um bom buraco nos dedos e outro no calcanhar. Então ela terá o que cerzir, e em vez de cesuras de versos, há de se ocupar com os rasgões da meia do marido. Fazer versos! Ora essa! Vá cerzir meias!
Nisto a gata deu um espirro. Apanhara um resfriado, apesar de andar sempre de casaco de pele.
- Eu abri a porta da despensa - disse o duende Pedrinho. - Vi lá uma nata fervida, tão grossa como um pirão...Se não queres saboreá-la, vou eu lambe-la.
- Ora, de toda a maneira levo sempre as culpas e as pancadas: vou pois petiscar também a nata.
- É isso, é: vai comer a nata. Enquanto isso vou ao quarto do seminarista: penduro-lhe o suspensório no espelho e ponho as meias na bacia. Ele vai pensar que o ponche estava forte demais e que se embriagou! Esta noite sentei-me no monte de lenha, ao pé do canil. Gosto tanto de enraivecer o cão de guarda..Lá fiquei, bamboleando as pernas. O cachorro não podia alcança-las, por mais pulos que desse, e ficou fora de si. Ladrou sem cessar, e eu sempre sacudindo as pernas...Foi um belo espetáculo! O seminarista acordou; levantou-se três vezes e foi olhar à janela. mas ele não me viu, apesar de estar com os óculos no nariz. Ele até dorme de óculos!
- Quando a senhora vier, grita" Miau!" - disse a gata. - Não ouço muito bem hoje: estou doente.
- Tua doença é gula! - respondeu o duende Pedrinho. - Mas vai, vai petiscar. Lambisca até curares a tua doença. E enxuga bem as barbas depois, senão a nata fica grudada nelas! Eu fico à escuta.
E o duende Pedrinho pôs-se à porta, que estava apenas encostada. Não havia mais ninguém na sala, além da senhora e do seminarista. Conversavam sobre o que o seminarista chamava, com tanto acerto " as coisas que em todas as casas deviam ser postas acima das panelas e dos prato- os dons o espírito".
SR Kisseruppp - dizia a senhora - agora vou aproveitar a ocasião para lhe mostrar uma coisa que nunca mostrei a alma vivente, e menos ainda a um homem: vou mostra-lhe meus poemas, alguns dos quais saíram bem meu agrado. Intitulei-os Sons de Harpa de uma Alma de Mulher, porque gosto muito de palavras poéticas.
- Sim, é isso mesmo que devemos fazer; e também devemos eliminar da língua os estrangeirismos.
- Pois é o que faço. O senhor jamais me ouvirá dizer bebê, ou constatar: digo sempre - " criança de peito" ou " verificar".
Dizendo isso, ia retirando de dentro de uma arca um diário de capa verde, com duas manchas de tinta.
- Este livro contém muito poema sério -disse ela. -
O que sinto com mais intensidade são as coisas tristes. Aqui temos, por exemplo, o Suspiro o noturno, Meu arrebol, e Quando conquistei Klemm - quero dizer meu marido. Esta poesia o senhor pode deixar de lado sem a ler, posto que esteja cheia de sentimentos e ideias. Os deveres da dona de casa é o melhor de todos os meus poemas. São todos muito melancólicos, porque é esta a linha do meu talento. Há uma única poesia humorística cheia, de pensamentos alegres, como ocorre mesmo à gente, de vez em quando... Mas o senhor não deve zombar de mim! São pensamentos concernentes ao fato de ser eu poetisa. Só eu e minha mesa de trabalho - e agora também o senhor- conhecemos estes escritos, Sr. Kisserupp! Eu adoro a Poesia. Ela se apodera de mim, agita-me, domina-me, governando-me como soberana. Foi isso mesmo o que escrevi aqui,, sob o título: O duende Pedrino. Conhece certamente a velha crença dos campônios a respeito do duende Pedrinho, que sempre anda a fazer travessuras pela casa inteira. Veio-me a ideia que era eu a casa, e que a poesia, o sentimento que existe em mim, o espírito que me domina, é o duende Pedrinho, cujo poder e grandeza celebro no poema a que dei esse nome. Mas o senhor vai prometer-me que não falará disto a ninguém, nem sequer a meu marido...Agora peço-lhe que o leia em voz alta, para eu ver se decifrou a minha letra.
O seminarista começou a ler e a senhora o escutava.
O duende pedrinho também ouvia, pois, como já disse se pusera à escuta; e chegara à fresta da porta justamente no momento em que se pronunciava o título: O duende Pedrinho.
- Isso é comigo! - disse o homúnculo. - Que terá ela escrito a meu respeito? Pois não há de se ver! Não! Essa ela há de me pagar! Vou chupar todos os ovos, roubar todas as galinhas e perseguir o terneiro até que ele fique bem magrinho! Vejam só esta dama!
E continuo escutando; espichou um grande bico e abriu bem os ouvidos.
Mas dali a pouco, ouvindo assim falar na magnificência, no poder e no domínio que o duende Pedrinho exercia sobre a senhora- sabes bem que ela se referia à Poesia, mas o homenzinho tomou as coisas ao pé da letra...aplicando tudo aquilo a si próprio - pouco a pouco ele foi ficando risonho: já lhe resplandeciam os olhos de alegria. E já um que de nobreza lhe ia pontando nas comissuras da boca. Levantando bem os tacões, pôs-se nas pontinhas dos pés e chegou a ficar uma polegada mais alto. Estava encantado com as coisas que se diziam acerca do duende Pedrinho.
- A senhora tem espírito e uma vasta cultura! Como eu tinha julgado mal essa mulher! Ela me incluiu nos seus Sons de Harpa, que vão ser impressos e lidos! Pois de hoje em diante a gata não lhe lamberá mais a nata: isso fica exclusivamente comigo! Um só lambisca menos que dois, é claro; e assim posso contribuir para certa economia - em honra da patroa, que quero respeitar e venerar.
- Mas este duende Pedrinho é tal qual um homem - pensava consigo a gata velha. - Basta um doce "miuau" da senhora, um único"miau" que ela lhe dedique, e imediatamente muda de opinião. É! A patroa é muito esperta!
Mas aquilo não era esperteza da dama, não: a natureza do duende Pedrinho é que era igual à humana...
FIM!
Quero agradecer cada letra digitada cada palavra interpretada cada sonho realizado, de aprendizado e evolução espiritual.
Obrigada aos autores destes contos pela dedicação, de nos legar sonhos que mexem com a imaginação e nos faz viajar pelos livros de Grimm e Andersen. Obrigada, obrigada!
Foram 3 anos resgatando os Contos que não li no momento em que ganhei, mas guardem os volumes com muito carinho pois inconscientemente sabia que um dia eu valorizaria-os com toda o meu amor e dedicação.
Estou feliz por atingir o objetivo tão sonhado, esse trabalho me ajudou muito a ser melhor como pessoa. Sem pressa de atingir o final, minha ansiedade foi controlada em todos os campos da vida, se refletiu essa paz em toda esfera do meu ser. Minha eterna gratidão. Obrigada!
O DUENDE PEDRINHO
Conheces o duende Pedrinho. Mas conheces também a senhora do jardineiro! Era dama letrada, sabia recitar versos, e até os escrevia com facilidade; só a rima"o forjar dos elos" é que lhe dava algum trabalho. Sim, tinha talento; talento de escritora e de oradora. E poderia ser até pregadora, ou pelo menos mulher do pregador.
- Como a terra é encantadora nas suas roupas domingueiras! - dizia ela
E estilizando e " rebitando" essa ideia, fizera dela uma longa canção.
O seminarista Kisserup - afinal o nome nem vem ao caso - o seminarista era filho da irmã da senhora do jardineiro; foi fazer-lhe uma visita e ouviu-a declamar o poema; disse então que o achava realmente edificante, um estímulo para o coração. E declarou:
- A senhora tem espírito.
Ao que o jardineiro retrucou logo:
- Asneiras! Não lhe meta essas coisas na cabeça! Uma mulher deve ter é corpo, um corpo sadio; e deve prestar atenção mas é às panelas, para que a comida não se queime.
- Pois o queimado, retiro-o com brasa - respondeu ela. - E se fores tu quem estiver " esturrado", tiro-o logo com um beijo! Parece mesmo que ele só gosta de repolhos e de batatas, e no entanto adora as flores!
E, dizendo isso, deu-lhe um beijo, acrescentando ainda:
- As flores são o espírito!
- Cuida das tuas panelas! - disse ele, dirigindo-se para o jardim.
É que para ele era o jardim a panela que lhe interessava.
Mas o seminarista ficou conversando com a senhora. Aquelas belas palavras que ela pronunciara - " A terra é encantadora!" - davam-lhe impulso para um sermão inteiro, sermão que fez à sua maneira.
- A terra é encantadora. Dominai-a! E nós nos tornamos seus donos. Um, pelo espírito, outro, pelo corpo. Este foi posto no mundo como um ponto de admiração, pasmado: aquele, como um hífen, que desperta em todos esta pergunta: " Que pretende ele? " Um chega a ser bispo; outro não passa de um pobre seminarista. Mas tudo foi subitamente organizado; " A terra é encantadora, e está sempre endomingada!" É na verdade um poema que inspira ideias, senhora, um poema cheio de geografia, e de sentimento.
- O senhor tem espírito. Sr. Kisserupp; muito espírito, digo-lhe eu! Quem, conversa com o senhor fica esclarecido a respeito de si próprio.
Continuaram palestrando nesse tom, sempre com a mesma beleza e elevação; mas na cozinha havia alguém que também falava: e era o duende Pedrinho, o homenzinho vestido de cinzento, de carapuça vermelha à cabeça. Qualquer pessoa pode vê-lo. Estava o duende Pedrinho sentado na cozinha e espiando as panelas enquanto falava; mas ninguém o ouvia, a não ser a grande gata preta - a ladra de nata, como a chamava a senhora.
O duende pedrinho estava muito zangado com a dona da casa, porque ela não acreditava, absolutamente não acreditava na sua existência! É verdade que ela jamais o vira; mas entendia o duende que mulher tão erudita devia saber que ele existia, e devia também tratá-lo com certa consideração. Mas o fato é que ele nunca se lembrava de lhe destinar na Noite de Natal nem se quer uma colherada de arroz-doce, como todos os seus antepassados tinham recebido - e note-se: de senhoras que não eram absolutamente eruditas! E arroz ressumando manteiga e nata! A gata. só de ouvir falar nisso, ficou com água nas barbas.
- Diz que sou um símbolo - continuou o duende Pedrinho.- Isso é coisa que minha imaginação não pode alcançar! Para ela é como se eu não existisse. É o que verifico, toda a vez que a ouço, como fiz neste mesmo momento. Lá está conversando com o seminarista - aquele professoreco! Pois eu digo, com o jardineiro: " Cuida das tuas panelas!" Mas a mulher não se importa, e agora vai ver como a panela derrama!
E o duende pedrinho soprou o fogo e levantaram-se labaredas altas.
- Chichhhh...Chich...
Lá derramou o leite
- Vou agora furar as meias do jardineiro. Vou fazer um bom buraco nos dedos e outro no calcanhar. Então ela terá o que cerzir, e em vez de cesuras de versos, há de se ocupar com os rasgões da meia do marido. Fazer versos! Ora essa! Vá cerzir meias!
Nisto a gata deu um espirro. Apanhara um resfriado, apesar de andar sempre de casaco de pele.
- Eu abri a porta da despensa - disse o duende Pedrinho. - Vi lá uma nata fervida, tão grossa como um pirão...Se não queres saboreá-la, vou eu lambe-la.
- Ora, de toda a maneira levo sempre as culpas e as pancadas: vou pois petiscar também a nata.
- É isso, é: vai comer a nata. Enquanto isso vou ao quarto do seminarista: penduro-lhe o suspensório no espelho e ponho as meias na bacia. Ele vai pensar que o ponche estava forte demais e que se embriagou! Esta noite sentei-me no monte de lenha, ao pé do canil. Gosto tanto de enraivecer o cão de guarda..Lá fiquei, bamboleando as pernas. O cachorro não podia alcança-las, por mais pulos que desse, e ficou fora de si. Ladrou sem cessar, e eu sempre sacudindo as pernas...Foi um belo espetáculo! O seminarista acordou; levantou-se três vezes e foi olhar à janela. mas ele não me viu, apesar de estar com os óculos no nariz. Ele até dorme de óculos!
- Quando a senhora vier, grita" Miau!" - disse a gata. - Não ouço muito bem hoje: estou doente.
- Tua doença é gula! - respondeu o duende Pedrinho. - Mas vai, vai petiscar. Lambisca até curares a tua doença. E enxuga bem as barbas depois, senão a nata fica grudada nelas! Eu fico à escuta.
E o duende Pedrinho pôs-se à porta, que estava apenas encostada. Não havia mais ninguém na sala, além da senhora e do seminarista. Conversavam sobre o que o seminarista chamava, com tanto acerto " as coisas que em todas as casas deviam ser postas acima das panelas e dos prato- os dons o espírito".
SR Kisseruppp - dizia a senhora - agora vou aproveitar a ocasião para lhe mostrar uma coisa que nunca mostrei a alma vivente, e menos ainda a um homem: vou mostra-lhe meus poemas, alguns dos quais saíram bem meu agrado. Intitulei-os Sons de Harpa de uma Alma de Mulher, porque gosto muito de palavras poéticas.
- Sim, é isso mesmo que devemos fazer; e também devemos eliminar da língua os estrangeirismos.
- Pois é o que faço. O senhor jamais me ouvirá dizer bebê, ou constatar: digo sempre - " criança de peito" ou " verificar".
Dizendo isso, ia retirando de dentro de uma arca um diário de capa verde, com duas manchas de tinta.
- Este livro contém muito poema sério -disse ela. -
O que sinto com mais intensidade são as coisas tristes. Aqui temos, por exemplo, o Suspiro o noturno, Meu arrebol, e Quando conquistei Klemm - quero dizer meu marido. Esta poesia o senhor pode deixar de lado sem a ler, posto que esteja cheia de sentimentos e ideias. Os deveres da dona de casa é o melhor de todos os meus poemas. São todos muito melancólicos, porque é esta a linha do meu talento. Há uma única poesia humorística cheia, de pensamentos alegres, como ocorre mesmo à gente, de vez em quando... Mas o senhor não deve zombar de mim! São pensamentos concernentes ao fato de ser eu poetisa. Só eu e minha mesa de trabalho - e agora também o senhor- conhecemos estes escritos, Sr. Kisserupp! Eu adoro a Poesia. Ela se apodera de mim, agita-me, domina-me, governando-me como soberana. Foi isso mesmo o que escrevi aqui,, sob o título: O duende Pedrino. Conhece certamente a velha crença dos campônios a respeito do duende Pedrinho, que sempre anda a fazer travessuras pela casa inteira. Veio-me a ideia que era eu a casa, e que a poesia, o sentimento que existe em mim, o espírito que me domina, é o duende Pedrinho, cujo poder e grandeza celebro no poema a que dei esse nome. Mas o senhor vai prometer-me que não falará disto a ninguém, nem sequer a meu marido...Agora peço-lhe que o leia em voz alta, para eu ver se decifrou a minha letra.
O seminarista começou a ler e a senhora o escutava.
O duende pedrinho também ouvia, pois, como já disse se pusera à escuta; e chegara à fresta da porta justamente no momento em que se pronunciava o título: O duende Pedrinho.
- Isso é comigo! - disse o homúnculo. - Que terá ela escrito a meu respeito? Pois não há de se ver! Não! Essa ela há de me pagar! Vou chupar todos os ovos, roubar todas as galinhas e perseguir o terneiro até que ele fique bem magrinho! Vejam só esta dama!
E continuo escutando; espichou um grande bico e abriu bem os ouvidos.
Mas dali a pouco, ouvindo assim falar na magnificência, no poder e no domínio que o duende Pedrinho exercia sobre a senhora- sabes bem que ela se referia à Poesia, mas o homenzinho tomou as coisas ao pé da letra...aplicando tudo aquilo a si próprio - pouco a pouco ele foi ficando risonho: já lhe resplandeciam os olhos de alegria. E já um que de nobreza lhe ia pontando nas comissuras da boca. Levantando bem os tacões, pôs-se nas pontinhas dos pés e chegou a ficar uma polegada mais alto. Estava encantado com as coisas que se diziam acerca do duende Pedrinho.
- A senhora tem espírito e uma vasta cultura! Como eu tinha julgado mal essa mulher! Ela me incluiu nos seus Sons de Harpa, que vão ser impressos e lidos! Pois de hoje em diante a gata não lhe lamberá mais a nata: isso fica exclusivamente comigo! Um só lambisca menos que dois, é claro; e assim posso contribuir para certa economia - em honra da patroa, que quero respeitar e venerar.
- Mas este duende Pedrinho é tal qual um homem - pensava consigo a gata velha. - Basta um doce "miuau" da senhora, um único"miau" que ela lhe dedique, e imediatamente muda de opinião. É! A patroa é muito esperta!
Mas aquilo não era esperteza da dama, não: a natureza do duende Pedrinho é que era igual à humana...
FIM!
Quero agradecer cada letra digitada cada palavra interpretada cada sonho realizado, de aprendizado e evolução espiritual.
Obrigada aos autores destes contos pela dedicação, de nos legar sonhos que mexem com a imaginação e nos faz viajar pelos livros de Grimm e Andersen. Obrigada, obrigada!
Foram 3 anos resgatando os Contos que não li no momento em que ganhei, mas guardem os volumes com muito carinho pois inconscientemente sabia que um dia eu valorizaria-os com toda o meu amor e dedicação.
Estou feliz por atingir o objetivo tão sonhado, esse trabalho me ajudou muito a ser melhor como pessoa. Sem pressa de atingir o final, minha ansiedade foi controlada em todos os campos da vida, se refletiu essa paz em toda esfera do meu ser. Minha eterna gratidão. Obrigada!
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